quarta-feira, 18 de maio de 2011

O racismo banalizado


         Um dos aspectos mais repugnantes da humanidade é o racismo. Foi  o responsável pelas mais absurdas passagens da história do homem: escravidão, preconceito nos Estados Unidos e na África do Sul, entre tantos outros episódios nefastos. Milhares de pessoas foram tratadas como sub-humanas em razão da cor da pele. Claro que há outros preconceitos que devem ser combatidos e repudiados, mas esse é o mais abjeto, pois decorre de uma questão genética.
Domingo passado, quando o Internacional pela 40ª vez sagrou-se Campeão Gaúcho, assisti perplexo a uma cena primitiva. Torcedores das cadeiras e sociais do Estádio Olímpico gritavam  "macaco.... macaco...", enquanto o atleta Zé Roberto aquecia para entrar em campo.
Quando o jogador entrou em campo, dando um verdadeiro show de bola, lembrei logo daquele episódio nos Jogos Olímpicos de 1936, quando em plena Alemanha nazista, Hitler desfez do atleta americano negro Jesse Owens. Pois mesmo contra tudo e contra todos, Owens venceu quatro medalhas olímpicas deixando irado o ditador germânico. Naquela época os fundamentos ideológicos repousavam na idéia racial de que havia uma raça ariana superior às demais.
De volta à nossa realidade e ao episódio com Zé Roberto, apenas algumas manifestações de narradores, repórteres e comentaristas noticiaram o fato no Estádio Olímpico. Mas, com todo o respeito a eles, nada além disso.
Da mesma forma, os procuradores do TJD, órgão administrativo da FGF, nada fizeram. Repito: o fato foi público e notório. Parece que a FGF está mais preocupada com palavrões e ilações absurdas para noticiar aos seus procuradores do que com um fato que é criminoso e odioso.
Imediatamente, vendo a reação do nosso jogador, tomei as providências cabíveis para noticiar com provas o ocorrido ao presidente da FGF. Soube hoje que a Segunda Delegacia de Polícia Civil instaurou inquérito para investigação do fato.
Enquanto isso, meu Twitter foi invadido uma vez mais por racistas, neonazistas e jovens arrogantes que se postam como se integrassem uma elite inimputável. Um absurdo.
Amanhã mesmo vou abastecer meu requerimento e a delegada responsável com mais provas, inclusive manifestações da Internet.
Algumas questões, todavia, ficam sem resposta:
Onde estão os movimentos de defesa da igualdade racial?
Onde está o Ministério Público?
O que fará o TJD para punir a agremiação pelo ato de seus sócios?
Por que a imprensa não repudia com veemência o ocorrido?
Por que as empresas de comunicação não lançam campanha contra isso?
Tenho orgulho de ser gaúcho, mas não há dúvidas de que o nosso estado convive com uma banalização do racismo. Já vi manifestações racistas até mesmo nas cadeiras do Beira-Rio. Algo tem que ser feito. Um cidadão que assiste a uma manifestação racista deveria chamar um policial, denunciar e exigir a prisão em flagrante do ofensor.
Peço desculpas ao Zé Roberto por tudo que tem ocorrido com ele nessa cidade e nesse estado. Infelizmente temos uma elite burra e que muitas vezes não tolera ver um negro em evidência. De qualquer maneira, isto tem que mudar um dia. Não podemos tolerar esta banalização do racismo. E que atos como o do último domingo sejam denunciados e combatidos sempre.

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